Entre a inactividade do blogger e a minha falta de disponibilidade no fim-de-semana acabou por ficar de publicar no dia de ontem a minha participação do BCFV - Adolescência, mas como na minha postagem queria fazer uma homenagem a uma querida amiga, a melhor amiga nessa fase bombástica da vida, decidi a fazer a publicação com atraso. Aqui fica.
Adolescência. É aquela fase de extremos, em que não há cinzas entre o branco e o preto que a vida é. Há uma ânsia enorme de crescer, de viver ao máximo. Deixamos o mundo da casinha de bonecas e uma porta abre-se para um mundo tão diferente e tão vasto que queremos abarcar com um só abraço. Tropeçamos constantemente e levantamo-nos porque queremos continuar a correr e percorrer esse mundo. Nascem novos sentimentos e sabemos tudo. Sabemos o que mais ninguém sabe, nem os nossos pais. Até custa a crer, por vezes, que eles próprios tenham sido adolescentes de tão intolerantes que nos parecem. Só mais tarde, já adultos, adolescência passada, reconheceremos que afinal não sabíamos tanto assim, que ser pai ou mãe não é tão simples, tal como, aliás, a própria vida, tão cheia de cinzentos entre o branco e o negro. Que essa intolerância não era mais que um disfarçar da insegurança e do medo que sentiam enquanto nos viam crescer sabendo que haveríamos de cair algumas vezes e magoarmo-nos.
Mas desse período, a meio caminho entre a infância e a idade adulta, há um sentimento que em mim se destacou e ganhou raízes profundas. Que teve mais importância que todos os outros. A Amizade. A amizade das confidências, das amigas inseparáveis, das melhores amigas, dos risinhos incontroláveis, dos sonhos partilhados, dos ídolos da música e do cinema. Um sentimento puro, de dar e receber intuitivo e nunca interesseiro. No meu percurso de vida, até hoje, não posso dizer que tenha feito um grande número de amizades, mas o punhado de amigos que reuni é precioso. Não nos falamos todos os dias, não nos encontramos com a regularidade com que gostaríamos, mas sabemos que sendo preciso, ou não, estamos lá para o que der e vier.
Daqueles que hoje não fazem parte da minha vida, alguns foram-se perdendo nos meandros do mundo e reaparecem de vez em quando num telefonema inesperado, num encontro improvável em qualquer centro comercial ou até no Facebook. De outros, com quem não voltei a cruzar caminhos, ficam apenas as memórias felizes que nos fazem sorrir e de outros, ainda, fica a tristeza de uma partida precoce e uma saudade dos reencontros que a vida não voltará a permitir. Trago em mim um sorriso aberto de covinhas na face da I. que correu de mãos dadas comigo esse caminho de adolescência. Alegre e extrovertida, a contrastar com a minha timidez. Foram anos de confidências, de risos, de alegrias, de lágrimas partilhadas. A vida foi seguindo o seu caminho e nós também...cada uma o seu.
Reecontramo-nos anos mais tarde através de uma outra amiga comum desse tempo mágico. Sempre o mesmo sorriso. Prometemo-nos novos reencontros que nunca vieram a acontecer. Mais alguns anos se passaram até me ter chegado a noticia do seu falecimento. Arrancada à vida no inicio dos seus trinta e poucos anos a I. permanece viva no coração de todos em que tocou com o seu sorriso franco e a sua alegria e é para mim a mais feliz imagem da adolescência. A primeira pessoa em que eu penso quando se fala nos doces 15 anos. E porque hoje que no BCFV celebramos a adolescência não podia deixar de lhe prestar uma homenagem. Hoje não deixo receitas. Hoje deixo aqui uma gota de amizade, um precioso ingrediente nos cozinhados da vida. Obrigada I. e obrigada a todas as minhas queridas amigas de ontem e de hoje.
Reecontramo-nos anos mais tarde através de uma outra amiga comum desse tempo mágico. Sempre o mesmo sorriso. Prometemo-nos novos reencontros que nunca vieram a acontecer. Mais alguns anos se passaram até me ter chegado a noticia do seu falecimento. Arrancada à vida no inicio dos seus trinta e poucos anos a I. permanece viva no coração de todos em que tocou com o seu sorriso franco e a sua alegria e é para mim a mais feliz imagem da adolescência. A primeira pessoa em que eu penso quando se fala nos doces 15 anos. E porque hoje que no BCFV celebramos a adolescência não podia deixar de lhe prestar uma homenagem. Hoje não deixo receitas. Hoje deixo aqui uma gota de amizade, um precioso ingrediente nos cozinhados da vida. Obrigada I. e obrigada a todas as minhas queridas amigas de ontem e de hoje.
12 comentários:
Olá, querida Carla
"Na ternura de um amanhecer,
Eu observei a beleza do orvalho".
(Sandra)
Fiz um post sobre o Encontro de amigas da adolescência e o nosso Encontro depois de 39 anos foi maravilhoso... reinou a alegria e a garra infanto juvenil... incrível!!!
Vc fez muito bem em prestar honras à sua amiga... pois tem amizades que nunca se apagam e não são falsas... ficam no coração para eternizar essa fase marcante... Parabéns pela lembrança e dedicação!!!
"...é o molhar do orvalho quem vê meus passos...
é minha vida me chamando pra viver"
( Fractais de Calu)
Tenha um excelente Domingo de paz e alegria.
Bj com gosto de adolescência (o lado bom dela).
Carla,
Gostei muito da alusão ao cinza, a todas às nuances que a vida nos oferece.
Interessante também você citar a intolerância, que na verdade pode existir de ambas as partes. Na verdade, mais ainda nos adolescentes, porque é a fase dos questionamentos. Nada mais é visto sob o mesmo ponto de vista da infância.
Uma ótima homenagem que você fez, já que a amizade é primordial nessa fase. Quantas confidências não foram reservadas exclusivamente para as amigas!
Tenha uma ótima semana!
Essa é uma fase linda, cheia de mistérios, descobertas e muito intensidade. Abraços, Adriana.
Olá Carla, gostei muito de seu relato e mais ainda das lembranças da amiga querida que infelizmente já se foi.
A vida é assim, perdemos sempre alguma coisa ao longo de seu caminho, mas que bom que as lembranças e os sentimentos, esses nunca se vão!
Bjuss!!!
Excelente postagem e homenagem.Muito bom lembrar nossas amigas.Há pouco fiquei sabendo que uma das mais próximas que eu procurei bastante na net,desencarnou há dois anos.Coloquei sua foto em minha postagem.Bjssssssssssss
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Passei para visitar e seguir, pois gostei muito do seu blog. Parabéns por este post maravilhoso. Um abraço, Marta. Se desejar venha me visitar também, será muito bem vinda.
Hoje já é o segundo post que me emociono,o seu me levou também para as amizades que ficaram, mesmo que não tenhamos contato sempre, quando nos encontramos, um sorriso, um abraço, uma palavra nós entendemos.E isso só acontece com as amizades da adolescência.
Linda homenagem...
Paz e bem
É tão bom relembrar as amizades de adolescente...
Os pactos de sangue, as promessas de amizade eterna :)
Fiz isso tudo. Cheguei a escrever contratos de amizade, com regras e punições para quem saltasse fora ou se esquecesse das amigas-irmãs.
Adorei o tema proposto por ti.
Fez-me recuar no tempo e recordar coisas esquecidas :)
Beijinhos saudosos,
Rute
Olá, Carla, o seu texto está muito bem construído e a homenagem que fizeste à tua amiga é linda...Nesta época os amigos tem grande importância, e os momentos que passamos naquela fase nunca os esquecemos. Gostei muito de ler a tua mensagem.
Beijinhos
Não devemos lamentar as oportunidades q não tivemos, mas agradecer as q tivemos. Essa sua amiga foi um presente por um período importante de sua vida, q deixou ótimas recordações. Todas as pessoas q passam pela nossa vida tem a sua importância e deixam a sua marca. Algumas deixam marcas profundas, outras rasinhas. Q possamos sempre aproveitar aquilo q as pessoas tem de bom para nos doar. Muita paz!
Lindas as suas lembranças ! Até fiquei emocionada com a lembrança da amiga querida que partiu tão jovem...
É assim a vida e levamos conosco os bons momentos vividos e nunca esquecidos.
Beijo
Adorei a postagem. Principalmente sobre a amiga que se foi. Me fez lembrar mais ainda de minha adolescência.
Parabéns!
Elaine
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