A minha amiga O. lançou o desafio: percorrer o Caminho de Jacinto. Calcorrear os montes que a personagem de "A Cidade e as Serras" percorreu desde a estação de Tormes/Aregos até à casa que lhe havia sido deixada em herança. O entusiasmo inicial foi sofrendo alterações por causa do tempo que ora estava de chuva, ora de calor e a perspectiva de uma caminhada de quase 3km em 2 horas, segundo o roteiro, que fazia prever um percurso pouco fácil, mas o entusiasmo da O. lá nos arrastou para esta empreitada. Quanto mais não fosse para recompensa estava marcado o almoço na nossa já conhecida Tasquinha do Fumo.
Saímos do Porto com o dia encoberto e chegamos a Santa Cruz do Douro com um sol soberbo e quente. O caminho começa junto à estação, acompanha o rio por alguns metros, atravessa a linha e volta a atravessar e sobe uma rua íngreme até à estrada. Metemos pés ao caminho: eu, o D., a O. e a L.
Na dúvida, e porque a sinalização é escassa, perguntamos a quem encontramos. A D. Alice prontificou-se de imediato para nos orientar. Seguia para casa por parte desse mesmo caminho, que sempre era melhor que subir a estrada sob o sol quente das 11h00. Ao longe ouviam-se os sons de tractores, embora a maioria dos campos estivessem votados ao abandono. O caminho, com poucas sombras, tinha alguns troços ingremes e momentos houve que disse mal da minha vida. Coitado do Jacinto, habituado às mordomias parisienses, o que não deve ter sofrido, ele e o burro que o carregava. Fomos passando pelas casas emblemáticas assinaladas no percurso até chegar o último troço penoso que felizmente acabava perto de uma fonte de água fresca.
Daí até á Fundação Eça de Queirós foram mais uns metros aprazíveis, em tom de recompensa. No final contabilizamos pouco mais de uma hora de percurso, mas a bom passo. Para quem o quiser fazer aconselho que escolham dias mais frescos, não se esqueçam de um calçado confortável, água e uma pequena merenda para os mais esfomeados.
Regressados à estação (com batota: recorremos a um táxi para voltar à estação onde tinha ficado o carro), foi tempo de seguirmos até à afamada Tasquinha, onde nos esperava muita simpatia e o bom serviço já conhecido, um anho assado em forno de lenha, com as suas batatinhas e arroz de forno, as entradas para consolar o estômago: alheira grelhada, azeitonas, presunto e pão e para finalizar leite creme queimado, o café servido à mesa na púcara de barro e uns licores, tudo delicioso como sempre.
3 comentários:
Que excelente sugestão (fico sempre triste qdo não encontramos a informação no terreno e muito contente com o facto de haver sempre alguém que faz as honras da casa e nos leva ao local de destino)
Que lindo caminho, com detalhes e pormenores simplesmente amorosos :)
Que maravilha de post e que fotos fabulosas. Até fiquei com saudades do arroz no forno a lenha da minha avó, quando vi essa foto do arroz de forno no tacho de barro.
Beijinhos,
Lia.
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